28.5.11

Lira dos vinte anos

Para os desatentos !
estou mandando novamente a obra : lira dos vinte anos virtualmente pra quem quiser olhar e apreciar !


http://www.fuvest.br/download/livros/lira.pdf
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A cima está a obra, via site.

Curiosidades

Em 25 Abril de 1852, quando tinha apenas 20 anos, Álvares de Azevedo morreu vítima de tuberculose.

Álvares de Azevedo

meu anjo - Álvares de Azevedo

Monumento de Álvares de Azevedo

Detalhes do monumento: 
Álvares de Azevedo
Largo São Francisco
Bairro: Sé
Região: Centro
Cidade : são Paulo
Artista: Amadeo Zani

Luar de verão - àlvares de Azevedo

27.5.11

Lembrança de Morrer - Álvares de Azevedo

Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.

Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
... Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade... é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade... é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!

De meu pai... de meus únicos amigos,
Pouco - bem poucos... e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.

Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!

Mas quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua pratear-me a lousa! 

Curiosidades

Todos os dias, irei postar uma curiosidade sobre o autor falado.


- e a Curiosidade de hoje é :   
  Faz cerca de 180 anos que temos uma grande inspiração poética e 159 anos que Álvares de Azevedo faleceu.

Outra grande obra de Álvares de Azevedo

A noite na Taverna 




Noite na Taverna é uma coletânea de narrativas construída em sete partes. Traz epígrafes e usa os nomes de cada um dos narradores como subtítulos, antecedendo as histórias. Constitui a mais original produção em prosa de Álvares de Azevedo e insere-se perfeitamente no clima romântico byroniano, refletindo também as influências deixadas no autor pela leitura das novelas mórbidas do século XIX. Os capítulos de Noite na Taverna são Uma Noite do Século, Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann, Johann e Último Beijo de Amor.

Meu próprio pensamento da obra

Na primeira parte Álvares mostra seu lado mais harmônico, demonstrando a idealização da mulher: bonita, branca, mortal, virgem, anjo. Idolatrando a mulher. Na segunda parte o poeta revela sua parte sombria, o medo, as perdas, e principalmente a morte (características da 2º geração Ultra-Romântica). A terceira parte (não completada) se inspira na 1º parte. E assim segue com suas visões divididas em duas faces opostas. Existem passagens no livro que o poeta sofre muito com a perda do amigo e do tão querido irmão, onde acaba despertando o desejo de fazer belos poemas para o amigo e irmão, como uma forma de homenageá-los. Não tem quem não se encante com os seus belos poemas e poesias, afinal Álvares de Azevedo marcou e sempre vai marcar a literatura brasileira.

Lira dos vinte anos virtualmente

Para os que se deixaram passar, estou postando novamente, a obra de Álvares de Azevedo : Lira dos Vinte Anos virtualmente.. o livro é grátis e todos podem acessar e ver a obra literária :


http://www.fuvest.br/download/livros/lira.pdf

http://www.fuvest.br/download/livros/lira.pdf

Mais uma critica à obra- Marília de Dirceu

"A poesia é de certo uma loucura" 

A Lira dos Vinte Anos compõe-se do que há de melhor na produção de Álvares de Azevedo. Estruturalmente divide-se em três partes ; mas do ponto de vista temático, em apenas duas. Por quê? 

A primeira e terceira partes têm temas assemelhados: a morte, a família, os temas da adolescência, o sonho, a religiosidade, a forma feminina como obsessão; a segunda parte, no entanto, traz o irônico, o "satânico", a mulher, ainda que em sonho, aproximada do erótico, carnal. 

Se eu morresse Amanhã! - Álvares de Azevedo.

Outra critica à obra - Manoel Neves

Lira dos Vinte Anos, único texto que o poeta preparou para a publicação, foi editado postumamente, em 1853, apresente claramente duas faces: a primeira e a terceira partes mostram um Álvares de Azevedo suave, ingênuo, sentimental, elegíaco. É o que Antonio Candido chamou de a face de Ariel. A segunda parte mostra um poeta macabro, satírico e sarcástico, constituindo o que o citado critico chama de a face de Caliban. Nela, uma veia humorística submete as próprias obsessões do romantismo brasileiro a desmistificação prosaicas, num exemplo nacional de ironia romântica. O poeta sensível e recatado da primeira parte dá lugar a um poeta cínico e irreverente, que desfaz o mundo de sonhos e fantasias das outras partes da obra. Essas duas facetas da poética de Álvares de Azevedo exprimem os dois modos fundamentais que o poeta romântico alemão Schiller apontou como espécies da poesia sentimental moderna: o patético e o satírico. Ao primeiro, cabe avocar o real distante; e, ao segundo, agredir o real presente.

26.5.11

Álvares de Azevedo - Porque mentias?

Critica de Machado de Assis ao livro : Lira dos Vinte Anos

Quando, há cerca de dois ou três meses, tratamos das Vozes da América do sr. Fagundes Varela, aludimos de passagem às obras de outro acadêmico, morto aos vinte anos, o sr. Álvares de Azevedo. Então, referindo os efeitos do mal byrônico que lavrou durante algum tempo na mocidade brasileira, escrevemos isto:
Um poeta houve, que apesar da sua extrema originalidade, não de receber esta influência a que aludimos, foi Álvares de Azevedo. Nele, porém, havia uma certa razão de consanguinidade com o poeta inglês, e uma íntima convivência com os poetas do norte da Europa. Era provável que os anos lhe trouxessem uma tal ou qual transformação, de maneira a afirmar-se mais a sua individualidade, e a desenvolver seu robustíssimo talento.
A essas palavras acrescentávamos que o autor da Lira dos vinte anos exercera uma parte de influência nas imaginações juvenis. Com efeito, se Lord Byron não era então desconhecido às inteligências educadas, se Otaviano e Pinheiro Guimarães já tinham trasladado para o português alguns cantos do autor de Giaour, uma grande parte de poetas, ainda nascentes e por nascer, começaram a conhecer o gênio inglês através das fantasias de Álvares de Azevedo, e apresentaram, não sem desgosto para os que apreciam a sinceridade poética, um triste cepticismo de segunda edição. Cremos que este mal já está atenuado, se não extinto.
Álvares de Azevedo era realmente um grande talento; só lhe faltou tempo, como disse um dos seus necrólogos. Aquela imaginação vivaz, ambiciosa, inquieta, receberia com o tempo as modificações necessárias; discernindo no seu fundo intelectual aquilo que era próprio de si, e aquilo que era apenas reflexo alheio, impressão da juventude. Álvares de Azevedo, acabaria por afirmar a sua individualidade poética. Era daqueles que o berço vota à imortalidade. Compara-se a idade com que morreu aos trabalhos que deixou, e ver-se-á que seiva poderosa não existia, naquela organização rara. Tinha os defeitos, as incertezas, os desvios, próprios de um talento novo, que não podia conter-se, nem buscava definir-se. A isto acrescente-se que a íntima convivência de alguns grande poetas da Alemanha e da Inglaterra produziu, como dissemos uma poderosa impressão naquele espírito, aliás tão original. Não tiramos disso nenhuma censura; essa convivência, que não poderia destruir o caráter da sua individualidade poética, ser-lhe-ia de muito proveito, e não pouco contribuiria para a formação definitiva de um talento tão real.
Cita-se sempre, a propósito do autor da Lira dos vinte anos, o nome de Lord Byron, como para indicar as predileções poéticas de Azevedo. É justo, mas não basta. O poeta fazia uma frequente leitura de Shakespeare, e pode-se afirmar que a cena de Hamlet e Horácio, diante da caveira de Yorick, inspirou-lhe mais de uma página de versos. Amava Shakespeare, e daí vem que nunca perdoou a tosquia que lhe fez Ducis. Em torno desses dois gênios, Shakespeare e Byron, juntavam-se outros, sem esquecer Musset, com quem Azevedo tinha mais de um ponto de contacto. De cada um desses caíram reflexos e raios nas obras de Azevedo. Os Boêmios e O poema de frade, um fragmento acabado, e um borrão, por emendar, explicarão melhor este pensamento.
Mas esta predileção, por mais definida que seja, não traçava para ele um limite literário, o que nos confirma na certeza de que, alguns anos mais, aquela viva imaginação, impressível a todos os contactos, acabaria por definir-se positivamente.
Nesses arroubos da fantasia, nessas correrias da imaginação, não se revela somente um verdadeiro talento, sentia-se uma verdadeira sensibilidade. A melancolia de Azevedo era sincera. Se excetuarmos as poesias e os poemas humorísticos, o autor da Lira dos vinte anos raras vezes escreve uma página que não denuncie a inspiração melancólica, uma saudade indefinida, uma vaga aspiração. Os elos versos que deixou impressionam profundamente, “Virgem morta”, “À minha mãe”, “Saudades” são completas neste gênero. Qualquer que fosse a situação daquele espírito, não há dúvida nenhuma que a expressão desses versos é sincera e real. O pressentimento da morte, que Azevedo exprimiu em uma poesia extremamente popularizada, aparecia de quando em quando em todos os seus cantos, como um eco interior, menos um desejo que uma profecia. Que poesia e que sentimento nessas melancólicas estrofes!
Não é difícil ver que o tom dominante de uma grande parte dos versos ligava-se a circunstâncias de que ela conhecia a vida pelos livros que mais apreciava. Ambicionava uma existência poética, inteiramente conforme à índole dos seus poetas queridos. Este afã dolorido, expressão dele, completava-se com esse pressentimento de morte próxima, e enublava-lhe o espírito, para bem da poesia que lhe deve mais de uma elegia comovente.
Como poeta humorístico, Azevedo ocupa um lugar muito distinto. A viveza a originalidade, o chiste, o humor dos versos deste gênero são notáveis. Nos Boêmios, se pusermos de parte o assunto e a forma, acha-se em Azevedo um pouco daquela versificação de Dinis, não na admirável cantata de Dido, mas no precioso poema do Hissope. Azevedo metrificava às vezes mal, tem versos incorretos que havia de emendar sem dúvida; mas em geral tinha verso cheio de harmonia, e naturalidade, muitas vezes numeroso, mutíssimas eloquente.
Ensaiou-se na prosa, e escreveu muito; mas sua prosa não é igual ao seu verso. Era frequentemente difuso e confuso; faltava-lhe precisão e concisão. Tinha os defeitos próprios das estreias, mesmo brilhantes como eram as dele. Procurava abundância e caía no excesso. A ideia lutava-lhe com a pena, e a erudição dominava a reflexão. Mas se não era tão prosador como poeta, pode-se afirmar, pelo que deixou ver e entrever, quando se devia esperar dele, alguns anos mais.
O que deixamos dito de Azevedo podia ser desenvolvido em muitas páginas, mas resume completamente o nosso pensamento. Em tão curta idade, o poeta da Lira dos vinte anos deixou documentos valiosíssimos de um talento robusto e de uma imaginação vigorosa. Avalia-se por aí o que viria a ser quando tivesse desenvolvido todos os seus recursos. Diz-nos ele que sonhava, para o teatro, uma reunião de Shakespeare, Calderon e Eurípedes, como necessária à reforma do gosto da arte. Um consórcio de elementos diversos, revestindo a própria individualidade, tal era a expressão de seu talento.

Lira dos vinte anos

                 E pra aquelas pessoas que gostam de se aventurar na literatura, aqui vai o livro virtualmente :

Biografia - Álvares de Azevedo

Álvares de Azevedo



Filho de Inácio Manuel Álvarez de Azevedo e Maria Luísa Mota Azevedo, passou a infância no Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos. Voltou a São Paulo para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde desde logo ganhou fama por brilhantes e precoces produções literárias. Destacou-se pela facilidade de aprender línguas e pelo espírito jovial e sentimental.
Não concluiu o curso, pois foi acometido de uma tuberculose pulmonar nas férias de 1851-52, a qual foi agravada por um tumor na fossa ilíaca, ocasionado por uma queda de cavalo, falecendo aos 21 anos. Depois da sua morte foram publicados as suas obras: Poesias diversasPoema do Frade, o drama Macário, o romance O Livro de Fra GondicárioNoite na TavernaCartas, vários Ensaios , e a sua principal obra Lira dos vinte anos.
Ele é considerado o mais importante autor da 2º geração da poesia romântica, foi destaque como poeta mas também escreveu contos(góticos) e teatro, e foi o maior seguidor do poeta Lord Byron.